Educação Infantil e Fonoaudiologia
Janaina Venezian
Desde
o século XVII, a sociedade tem visto a criança como indissoluvelmente ligada ao
escolar, contexto que lhe atribui um lugar social e a inserção em um grupo de
semelhantes; é o que a constitui, o que lhe dá identidade. Ao longo dos anos, a
função da educação infantil foi modificando-se, de um local que apenas tomava
conta das crianças enquanto seus pais trabalhavam para, nos dias atuais, uma
etapa inicial da educação básica.
“A
educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos
físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e
da sociedade.” (cap II, art. 29) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) 1996
As
CEIs (Centro de Educação Infantil) e EMEIs (Escola Municipal de Educação
Infantil), que atendem crianças de 0 a 6 anos de idade, estão entre as primeiras
instituições educacionais em posição privilegiada para se oferecerem como os locais
em que a criança dará os primeiros passos em relação à socialização, pois têm o
papel de apresentar à criança a cultura e proporcionar a relação desta com seus
pares.
Segundo
Vasconcelos (2012), educar é produzir marcas simbólicas que possam filiar um
sujeito à uma cultura; a educação é quem conduzirá este processo, necessitando
dosar regras e permissividade para que a criança, respondendo a um chamado
da cultura, possa fazer parte do laço social e, ao mesmo tempo, dar lugar à sua
singularidade.
Este
processo está diretamente ligado à constituição do infans como sujeito falante, a maneira como se relaciona com os colegas; e como o educador intervém na sala de aula e com cada criança,
especificamente, produzirá marcas importantes para este sujeito.
Tendo
em vista o papel fundamental que se atribui, hoje, aos profissionais de educação
infantil, como construir uma parceria da fonoaudiologia com a educação? A fonoaudiologia
tem como tradição desenvolver neste campo um trabalho que se propõe a identificar,
prevenir ou minimizar as patologias de linguagem.... porém devemos questionar,
tal prevenção é possível? Qual é a função do fonoaudiólogo na escola? Que
práticas cabem neste contexto?
A
partir do meu contato com a educação infantil por meio de projetos de pesquisa e de assessorias a escolas particulares, observo
que espaços de diálogo entre fonoaudiólogos e educadores potencializam o papel
de ambos, construindo novos olhares sobre os alunos e as práticas escolares. A
posição do fonoaudiólogo como o especialista que traz para dentro da escola orientações
definidas não auxilia o professor. De um lado por colocá-lo em posição de não saber
e, de outro, por esbarrar em práticas próprias à clínica fonoaudiológica que se
afastam do funcionamento escolar.
REFERÊNCIAS
Brasil.
[Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB : Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional : lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. – 5. ed. – Brasília : Câmara dos
Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2010.
VASCONCELLOS, F.M. de. “Não sei ainda, posso
pensar?”: um estudo dos impasses escolares como um sintoma social. Dissertação
(mestrado) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
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